Sociedade de Pediatria de São Paulo
Texto divulgado em 23/02/2022
Os indivíduos com surdez são muito diversos entre si e, como todos os seres humanos, suas capacidades intelectuais, motoras e emocionais não são iguais. Definir uma pessoa apenas por uma característica, como a dificuldade de usar a audição como meio para comunicação, é um estereótipo inadequado.
Podem utilizar a comunicação oral (oralizados) ou língua de sinais (sinalizadores) e muitos se utilizam das duas formas. O mais importante é que tenham uma língua introduzida logo nos primeiros meses de vida, não importa qual o canal. Apesar de ainda pouco divulgada, a língua de sinais tem todas as características das línguas orais e permite um desenvolvimento intelectual e emocional adequados.
O importante é o diagnóstico precoce, pois o desenvolvimento cerebral, incluindo a linguagem (que nos permite pensar, falar consigo mesmo, desenvolver nossa inteligência), ocorre predominantemente nos 3 primeiros anos de vida. A Triagem Auditiva Neonatal Universal (TANU), popularmente conhecida como Teste da orelhinha, é fundamental e deve ser realizada nos primeiros 15 dias de vida, de preferência ainda na maternidade.
Quando o teste de triagem está alterado ou há alguma observação por parte da família ou da escola, o diagnóstico deve ser realizado por um médico otorrinolaringologista que, junto com o fonoaudiólogo, vai determinar se há ou não surdez, qual o tipo, o grau e qual método de reabilitação pode ser indicado em cada caso.
Em 23 de Fevereiro é celebrado no Brasil o Dia do Surdo-mudo. A expressão surdo-mudo muitas vezes é usada para se referir aos indivíduos com surdez, porém ela não é correta, os indivíduos com surdez não são mudos!! Tem a capacidade de gerar som (voz) articular (fala), podem apresentar uma dificuldade maior por não terem a referência da audição para aprender e monitorizar sua emissão.
A Federação Nacional de Educação e Integração dos Surdos (FENEIS), fundada em maio de 1987, defende os direitos e a assistência da comunidade surda brasileira. Filiada à Federação Mundial dos Surdos, conta com uma rede de seis Administrações Regionais, e, face à sua importância, suas atividades foram reconhecidas como de utilidade pública federal, estadual e municipal. Uma de suas bandeiras é: “surdo-mudo: apague essa ideia”.
Relatora:
Sulene Pirana
Núcleo de Estudos de Desenvolvimento e Aprendizagem e da Sociedade de Pediatria de São Paulo
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